12/02/2013

Eu sinto...



Eu sinto...
Eu sinto folhas secas e caídas a meus pés,
fazem barulho,
desfazem-se em mil e um pedaços aos meus passos...
Eu sinto o tempo desvanecer-se em mim... e quebrado como um espelho, corta as minhas raízes que choram lágrimas de sangue soberbas de dor, soberbas de líquido, soberbas de vagar.
Eu sinto o frio dentro de mim, qual alçapão escuro, fundo e húmido, local musgoso e sem sol...
Eu sinto pulsar um grito seco e sem som que vem ao de cima como vento oco e sem significado algum.
Eu sinto a cor e os cadeados cobertos de teias de aranha... promessas perdidas e fechadas que nunca chegarão a realizar-se nem aqui, nem antes, nem depois...
Eu sinto que fiquei ali perdida e pisada no chão, sem poder gritar, sem poder chorar, sem poder querer...
Eu sinto que fui folha quebrada no chão e que simplesmente vive debaixo dos pés...
Sinto que sou recipiente nem meio cheio, nem meio vazio de seiva, recipiente nem meio cheio de vazio, nem meio vazio de nada.

(Bríggida Almar "Crónicas do desamor" 2013)


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