6/13/2012

Se devo ou não "Ser"...


Sonho num acordar permanente de mim... à minha volta saltam todos para dentro do vulcão em chamas. Sacrificam-se!!!! Não é por aí... não é por aí o caminho. Questiono-me do porquê do medo de cair no vazio de si mesmos, de perder o controlo... é assim tão fácil deixar de se sentir? Perder a identidade e o "Ser"? Perco-me por entre labirintos confusos, quase indecifráveis... serei eu um ser perfeito? Não consigo deixar de ser humano... não consigo deixar de pensar que os outros poderão ser um reflexo de mim, parte de mim, que poderão ser eu... não consigo ser destrutivo de mim! Perdem a razão... perdem o juízo... são assim tão pequenos? São assim tão limitados? São assim tão pouco? O mais profundo é o podre do vosso pensamento... eu não o rejeito... mas também não deixo que se apodere de mim. Eu sou dois... dualidade que se fundiu em um... Eu sou o que eu sou... e navego de mim para mim e em ti e observo-te no tanto, tanto, tanto por dizer... tanto por ser... tanto por viver... e arrancar do meu âmago todas essas palavras, todos esses sentidos... e escolher o equilíbrio para o meu "Todo"!!!! Sem perguntar se devo ou não "Ser"... sendo eu, tu...

Bríggida Almar
2012

2/23/2012

Doêntia (Contos e personagens de terror)

Doêntia era uma pessoa que aos olhos dos comuns mortais seria "normal", mas na realidade era uma mente transtornada pelas crueldades da vida... uma conformista da mágoa, da dor, da solidão, daquilo que nada mais do que a própria mentira poderia sarar uma ferida aberta e putrida escondida pelas vestes do seu dia-a-dia... o que a fazia feliz, era falar dos azares e das derrotas dos outros à sua volta... talvez fosse a forma de se vingar daquilo que outrora teria sentido na sua própria pele. Doêntia acumulava os seus pensamentos mais obscuros e obscenos na sua alma, que com o tempo se foram cristalizando em maldade, em sinismo para com os outros que sorvia com astúcia e serenidade. O seu desporto favorito era fazer-se de vítima e "agarrar" emocionalmente através da pena, da culpa inexistente mas plasmada na dicotomia social do mundo, da compaixão proveniente de pessoas puras de essência que fariam quase tudo para a ajudar. Ria-se por dentro quando mostrava as suas pernas podres que exibia com orgulho por sofrer em silêncio... achando-se assim melhor e mais forte do que os outros, os altos fofos e salientes pompoavam à medida que o sangue passava naquelas veias monstruosas e cárneas... a sua redenção provinha do vómito constante que provocava, do nojo inevitável e visível para aqueles que a acompanhavam... desgraçados em agonia... quando secretamente tinham de ouvir falar das lombrigas que dizia sentir vivas no seu ventre... se contassem a alguém, ninguém iria acreditar e poderiam passar por loucos. Os arrepios pela espinha acima, causados pelo nojo... faziam com que o sistema nervoso central de quem a ouvisse estremecesse e ficasse à mercê do seu canibalismo energético... ela lá esteve, firme nas suas mentiras dissimuladas, refugiada na espiritualidade falsa que sangrava apenas aquilo que lhe convinha... era no meio dos mortos que se sentia viva... pois assim... sabia que pela dor dos outros, pela crédula esperança dos pobres de fé... iria respirar mais e mais a alma daqueles que caíssem nas suas teias pegajosas, pestilentas e ilusórias... e era pelo abraço quente de uma tal viúva negra... e eles caíam pela dor... eles caíam pelo sofrimento, eles iam por aquilo que não acreditam ter dentro de si mesmos... recebiam... mas eram cobrados a triplicar... talvez a sua alma, talvez a alma... isso... ela já não tinha...


Todas as histórias e personagens deste blogue são fictícias... qualquer semelhança com alguma vossa macabra ou doentia realidade... é pura coincidência.

2/12/2012

Rumo aos céus...


          Sentei-me no colo, sentei-me no colo de mim e chorei... chorei de dor... chorei de mágoa... chorei de perda. Gritei para dentro... de onde em surdina arranquei com força o som da minha alma... olhei... olhei para mim e sorri... sorri que nem uma perdida... de ironia, de estupidez, de ignorância... de ingenuidade pura... sorri e encolhi os ombros... mais uma vez. Tentei agarrar a luz que teima em fugir por entre os meus dedos, tão dificil de manter... tão difícil de guardar... tão difícil de raiar... engulo o medo, engulo o trauma, engulo o ardor... dentro de mim é mais seguro... sou como um bambu contorcido... em espiral, rumo aos céus.

1/23/2012

Sem nexo...

Tornei-me cera... que derreteu perante o teu calor, caí e deslizei pelas tuas mãos... quis secar e ficar agarrada à tua pele... mas... parti-me em mil cacos que tentei voltar a juntar... moldei-os asas para poder voar e encontrar-te... naquele momento sem dor... sem medo... nada...
Procurei-te em sonhos... mudei de nome... mudei de formas... fui vento... fui água... até uma montanha, mas não te vi lá... onde andas? Onde andas tu?
Andei ás voltas em círculos a deambular pelas núvens... a pairar sobre as névoas e caí... caí num poço que escalei... fiquei sem unhas, quase sem sangue... e não te encontrei...
Rastejei para umas florestas húmidas e adormeci encostada a uma árvore... sem forças... sem vontade... sem nexo. Encontra-me tu.

1/03/2012



O tempo passou... qual vegetal amordaçado pela traição, pela ilusão, pela esperança morta à nascença, onde o licor da vida foi trocado e abandonado pela neve branca da perdição de muitos, pela seiva dourada da decadência, da insegurança e da frustração de querer ligar um interruptor e não encontrar nada que pudesse ligar. Esperei que caminhasses por ti próprio, mas perante a dicotomia irónica da tua vontade... observei-te a cair por ti mesmo no negrume da tua alma cheia de fome.
Observei, sem ousar... os loucos que o sejam... quais ovelhas, mealheiros ambulantes de mais um pouco de vazio e de nada...
A escuridão não passa de ausências, sendo que basta uma presença para que se faça luz... basta querer...
Esqueci que bastava bater palmas à vida... e que brilharia logo incondicionalmente independentemente de o quereres ou não.
Não podemos ligar o interruptor sem que o queiram ligar, perdidos no mundo...
basta bater palmas à vida!

1/02/2012

São tijolos da minha própria interrogação...


Nunca necessitei de viver de promessas sem tempo, sou o que sou sem mentiras... escondo o sangue das lágrimas derramadas... com receio que não tenhas forças suficientes para as sorver. Pareço um castelo em ruínas mas sou um universo em construção, pareço palavras frias... mas sou sentimento puro... pareço banal... mas sou real, não preciso que me atirem cordas para suportar o meu peso... porque eu sei qual é... apenas uma árvore com as raízes bem profundas poderá ser o meu pilar. Não preciso do futuro, porque o construo no momento... não acredito num caminho traçado... sou céptica o suficiente para o traçar por mim mesma. Construí-me envolta nas trevas sem cair nelas de verdade, não me assustam... assusta-me sim a minha grandeza... os meus limites, as minhas convicções, as minhas crenças, as minhas vontades... porque jámais desisto daquilo em que acredito... eu sei quem sou... e não estou enganada, não tenho uma noção errada do meu ser como um todo... ninguém me descobre como sou... porque eu não quero, e porque talvez... realmente não seja necessário. Porque realmente talvez não tenhas a capacidade de me desvendar... porque talvez... tenhas medo de me reconhecer em ti... e admitir que possas estar enganado. As minhas divagações não têm um sentido... são divagações... são tijolos da minha própria interrogação. Mas quando tenho uma certeza... é definitivamente uma certeza. Eu tenho a certeza do que sou, de quem sou e do que posso alcançar. A matéria limita-me. Sou um quadro surrealista com significado para quem o ama... Se foges dele... é porque nunca o soubeste interpretar... a mente limita. E se algum dia achares que não o mereces... torna-te digno dele...porém... nunca será teu, mas se o sentires... poderá viver dentro de ti. As minhas defesas são mais fortes do que a tua vontade, só poderás ver aquilo que eu realmente deixar que vejas... desabafos sem nexo... são apenas tijolos sem colocação.