3/02/2014

3/01/2014

Do meu amor de mim...



Caminho passo ante passo, devagar, solenemente em busca de mim, de mim meu amor... do meu amor de mim. E é quando penso que me amo assim tão intensamente que preciso de me amar ainda mais, me acarinhar, me embalar naquele sono de paz e quietude... olhar os campos nos teus olhos é querer rodopiar e cair neles livre... sã... e salva... mas antes cair sã e salva em mim e na terra com cheiro a molhada... dos meus...Vem, cai comigo ali... deita-te no meu olhar e deixa-me ir mais longe assim...Vem,voa comigo para lá... vem a meu lado pairar sobre as várzeas de sal do universo... Caminho passo a passo despindo véus ao encontro de mim... não sei bem o que faço mas sinto-o em mim...

Dor doce... em mim profunda... a sensação é igual ao ter-te aqui bem perto de mim... Solenemente em busca de mim, de mim meu amor... do meu amor de mim.


(Bríggida Almar 2012)

2/22/2014

O contrabaixo trovão

Deslizas pelas minhas cordas, vibras e vibras intensamente... Sonoramente, ressonantemente trovão. Âmago, doce e profundo âmago... Envolves uma plenitude de oco e vazio sonoro, estremeces o ser de uma árvore e acalmas com suave ressoar. Ai... que me és desde cima até baixo. (Bríggida Almar 2014)

2/19/2014

Totem

Tens o karma do silêncio, encarcerado na minha inspiração divina de ti... meu amor. As lágrimas sangram na música e no vento que as dilacera. Meu glorioso e divino totem... Alojado nas minhas entranhas, órgão pulsante e cárnio de sangue. Que vibras... ai se vibras desenfreadamente por mim. Colosso e inebriante, vestis minh´alma de veludo escarlate e esvoaçante. Me és... me és de todo mestre. És de todo mestre da minha inspiração. (Bríggida Almar 2014)

Crying...

1/29/2014

Gargouille

Engulo palavras e actos,
presos na minha garganta,
quimeras loucas e desenfreadas para atacar...
A lei do retorno não tarda,
não falha,
é certeira e perfeita.
Não tens como escapar.

O guadião.
O meu guardião...

Gargouille, entorna as tuas lágrimas sobre mim e acalma-me, beija-me, entrelaça-me em ti e...

Gargouille, de respiração forte e arrastada, pelo tempo e mau tempo encurvada, guia-me através das tuas portas,
tua alma bem fechada.

Borbulham as águas,
foram cuspidas por um animal de mim,
Engulo momentos,
engulo injustiças,
mas as minhas quimeras tratarão de ti.

Gargouille, húmido e impiedoso Gargouille... deixa-me aninhar em ti.

(Bríggida Almar 2014) - "Crónicas do Desorror"