1/23/2012

Sem nexo...

Tornei-me cera... que derreteu perante o teu calor, caí e deslizei pelas tuas mãos... quis secar e ficar agarrada à tua pele... mas... parti-me em mil cacos que tentei voltar a juntar... moldei-os asas para poder voar e encontrar-te... naquele momento sem dor... sem medo... nada...
Procurei-te em sonhos... mudei de nome... mudei de formas... fui vento... fui água... até uma montanha, mas não te vi lá... onde andas? Onde andas tu?
Andei ás voltas em círculos a deambular pelas núvens... a pairar sobre as névoas e caí... caí num poço que escalei... fiquei sem unhas, quase sem sangue... e não te encontrei...
Rastejei para umas florestas húmidas e adormeci encostada a uma árvore... sem forças... sem vontade... sem nexo. Encontra-me tu.

1/03/2012



O tempo passou... qual vegetal amordaçado pela traição, pela ilusão, pela esperança morta à nascença, onde o licor da vida foi trocado e abandonado pela neve branca da perdição de muitos, pela seiva dourada da decadência, da insegurança e da frustração de querer ligar um interruptor e não encontrar nada que pudesse ligar. Esperei que caminhasses por ti próprio, mas perante a dicotomia irónica da tua vontade... observei-te a cair por ti mesmo no negrume da tua alma cheia de fome.
Observei, sem ousar... os loucos que o sejam... quais ovelhas, mealheiros ambulantes de mais um pouco de vazio e de nada...
A escuridão não passa de ausências, sendo que basta uma presença para que se faça luz... basta querer...
Esqueci que bastava bater palmas à vida... e que brilharia logo incondicionalmente independentemente de o quereres ou não.
Não podemos ligar o interruptor sem que o queiram ligar, perdidos no mundo...
basta bater palmas à vida!

1/02/2012

São tijolos da minha própria interrogação...


Nunca necessitei de viver de promessas sem tempo, sou o que sou sem mentiras... escondo o sangue das lágrimas derramadas... com receio que não tenhas forças suficientes para as sorver. Pareço um castelo em ruínas mas sou um universo em construção, pareço palavras frias... mas sou sentimento puro... pareço banal... mas sou real, não preciso que me atirem cordas para suportar o meu peso... porque eu sei qual é... apenas uma árvore com as raízes bem profundas poderá ser o meu pilar. Não preciso do futuro, porque o construo no momento... não acredito num caminho traçado... sou céptica o suficiente para o traçar por mim mesma. Construí-me envolta nas trevas sem cair nelas de verdade, não me assustam... assusta-me sim a minha grandeza... os meus limites, as minhas convicções, as minhas crenças, as minhas vontades... porque jámais desisto daquilo em que acredito... eu sei quem sou... e não estou enganada, não tenho uma noção errada do meu ser como um todo... ninguém me descobre como sou... porque eu não quero, e porque talvez... realmente não seja necessário. Porque realmente talvez não tenhas a capacidade de me desvendar... porque talvez... tenhas medo de me reconhecer em ti... e admitir que possas estar enganado. As minhas divagações não têm um sentido... são divagações... são tijolos da minha própria interrogação. Mas quando tenho uma certeza... é definitivamente uma certeza. Eu tenho a certeza do que sou, de quem sou e do que posso alcançar. A matéria limita-me. Sou um quadro surrealista com significado para quem o ama... Se foges dele... é porque nunca o soubeste interpretar... a mente limita. E se algum dia achares que não o mereces... torna-te digno dele...porém... nunca será teu, mas se o sentires... poderá viver dentro de ti. As minhas defesas são mais fortes do que a tua vontade, só poderás ver aquilo que eu realmente deixar que vejas... desabafos sem nexo... são apenas tijolos sem colocação.